Não sei não ser metódica. É algo que me transcende.
Como a poesia.
Não sei deixar-me ir ao sabor do futuro.
O futuro ideal para mim deveria pré-existir no passado, como garantia do presente no futuro.
A deriva é para mim tão sedutora e inalcançável como o abraço das nuvens.
Queria, às vezes, ser fragmentária.
Não o sou.
Vivo, por isso mesmo, de fragmentos da realidade em que vou tropeçando.
E com os quais, quase obsessivamente, vou tentando (re)construir o meu céu.
Não consigo ser diferente.
E não sei se quero.
Só sei que em mim habita o albatroz de Baudelaire.
E que há dias em que isso me faz feliz.
Susana Soares
23.09.2009